quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Seminário Estadual sobre Novo Ensino Médio aponta implementação de modelo tecnicista na educação brasileira

O SINTE-SC realizou ontem, (21), no Auditório Antonieta de Barros, na ALESC, em Florianópolis, o Seminário Estadual Novo Ensino Médio: Um debate democrático sobre os desafios e retrocessos. Evento teve a participação de professores(as) representando as regionais do SINTE/SC, pais e estudantes. Pelo interior do estado, em setembro e outubro, o SINTE-SC realizou seminários regionais e macrorregionais, para discutir o tema em suas realidades locais.
A secretária de Políticas Educacionais e Culturais Cássia Regina Costa, que esteve a frente da organização do evento disse que o seminário cumpriu seu objetivo, que era de construir junto com professores, pais e alunos uma reflexão sobre os graves problemas que podem gerar as mudanças impostas pelo governo. “Foi um debate democrático, que teve ainda como resultado a criação de várias propostas que serão temas de ações futuras com intuito de não permitir que o E.M, fase importantíssima do desenvolvimento dos nossos jovens, se torne fragmentado, com um conhecimento superficial, visando apenas atender as expectativas do mercado de trabalho, sem realizar uma formação integral que desenvolva o indivíduo de forma autônoma e crítica, para que ele possa realmente contribuir para a sociedade em que vive”, afirmou.
Para o coordenador estadual do SINTE-SC Luiz Carlos Vieira, entre os objetivos da antirreforma do ensino médio estão a retirada de direitos dos estudantes e trabalhadores(as), a privatização da educação pública e a segregação social. “O SINTE-SC como instituição de defesa da educação pública, tem o compromisso de levar, discutir e disputar a narrativa sobre mais essa tentativa de retrocesso, vamos à luta”.
O Prof. Mestre Bernardo Kestring, primeiro palestrante do seminário, que abordou o tema a educação política do professor e a formação para a cidadania, falou que precisamos pensar o papel do educador, se estamos educando cidadãos. Ele menciona que os filhos(as) dos trabalhadores(as) começam a “pensar” a partir do estudo, pois vivemos em uma sociedade ainda com mentalidade escravagista, entreguista, que querem pessoas domesticadas. Por isso, o ensino médio deveria atuar a partir de uma educação ampla, não fragmentada apenas para o mercado.
Nesse contexto, o Prof. Doutor Willian Simões ressaltou o momento de acirramento de conflitos territoriais e de classe que vivemos, das reduções radicais de financiamento público, reformas, flexibilização das leis ambientais, privatizações, redução das políticas sociais tudo tem a motivação do mercado. Na educação não é diferente, atualmente são 40 milhões de matrículas na educação básica brasileira – “Há muito recurso público em disputa, os empresários querem abocanhar esse mercado, eles estão dentro das secretarias de educação”, ressalta Willian. Caminhamos para um ensino médio voltado ao mercado de trabalho, uma grande ameaça a formação/escolarização da classe trabalhadora.
Sobre a BNCC e Ensino médio, uma leitura da versão final, o palestrante foi o Prof Doutor Lourival José Martins Filho que trouxe importantes informações sobre o que mudou, ele exemplificou com as alterações de nomenclaturas como disciplina, que agora será componente curricular e conteúdo, que será chamado de unidade temática. Lourival ressaltou que apenas português e matemática serão obrigatórias, as demais áreas podem ser flexibilizadas, segundo os documentos. Temas sobre diversidade, por exemplo, deverão ser tratados dentro do segmento “arranjos”, que serão laboratórios, clubes, oficinas, observatórios ou incubadoras. “A intenção é ressuscitar o tecnicismo, nosso desafio será ensinar a pensar, não apenas ser consumidor de informação, pois a educação é um ato político”, encerrou citando Paulo Freire.
Propostas de Encaminhamentos 
- Propor a realização de um encontro dos Trabalhadores da Região Sul, em defesa da educação pública,
- A luta do SINTE/SC deve ser de rejeição ao novo ensino médio,
- Carta do SINTE/SC com os 10 motivos pela rejeição do novo ensino médio,
- Articular com entidades em defesa da educação pública e contra o novo ensino médio, com a realização de uma campanha “SOS Educação”,
- Documento em defesa e manutenção do ensino médio noturno,
- Estudo sobre o impacto que terá a implantação do novo ensino médio na municipalização do ensino fundamental,
- Verificar como ficará a carga horária dos professores com a implantação do novo ensino médio,
- Antes da escola decidir pela implantação do novo ensino médio, deverá ter definida qual a matriz curricular que deverá ser implementada,
- Todo currículo das 3 mil horas deverá ser desenvolvido na escola, mantendo as 2,4mil horas de formação geral com todas as disciplinas atuais, e não possa ser feito a distância,
- Exigir que os cursos técnicos oferecidos sejam os que constam no catálogo nacional dos cursos de ensino médio,
- Garantia de laboratórios para todos os cursos técnicos oferecidos,
- Permitir que a conclusão do novo ensino médio possa ser feita em 4 anos,
- Garantir a contratação de professores para todos os cursos e componentes itinerários, carga horária e 1/3 de hora atividade,
- Todo currículo deve ser desenvolvido na escola em que o aluno esteja matriculado, tanto a formação geral quanto a técnica profissional e flexibilização curricular,
- Caravanas com visitas nas escolas onde deverá ser implantado o novo ensino médio, com material e subsídios para discussão sobre sua implantação, levar e multiplicar a discussão até as escolas,
- Incluir nos materiais estudos sobre a dificuldade de escolha dos cursos técnicos por parte dos adolescentes, ao iniciar o ensino médio,
- Contra qualquer tipo de projeto de militarização das escolas,
- A escola que não aderiu por escolha da comunidade, não ter o novo ensino médio implementado,
- Levantar experiências bem-sucedidas na educação pública no ensino médio, socializando-as,
- Recursos Públicos apenas para a escola pública,
- Fazer um levantamento das evasões que ocorreram nas escolas que implantaram o EMI e/ou EMITI

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